CAPITULO 49
O que era aquilo agora?
Rob me fitava como se fosse dizer algo realmente grave. Eu nunca tinha visto ele tão sério antes. Com o semblante grave e angustiado.
Engolindo em seco, eu me enrolei no lençol e sentei na cama, tirando o cabelo do rosto
Eu queria mesmo ouvir o que ele tinha a dizer?
O fato era que eu já sofrera tanto, tanto, que sinceramente duvidava que podia existir alguma coisa que fizesse as coisas ficarem piores do que já estavam.
Ele se moveu e quando eu o encarei, estava do outro lado do quarto. Vestia apenas uma calça e passava a mão pelos cabelos, nervosamente.
Eu respirei fundo
-Rob, eu não sei se tem alguma coisa a ser dita. Ontem a noite... - eu dei de ombros – aconteceu. Não acho que precisamos conversar sobre. Não depois do fora que me deu em Los Angeles.
-Você não ouviu o que eu disse? Eu amo você
Eu quis acreditar. Talvez eu acreditasse. Mas era muito difícil.
Havia uma parte de mim que queria me aninhar perto dele e esquecer de tudo.
Mas isto não era mais possível.
Então que diabos ele tinha pra me dizer?
Eu levantei da cama, ainda enrolada no lençol
-Rob, eu sinceramente não estou entendendo. O que tem a me dizer de tão grave? O que pode ser pior de você me fazer esperar pra dizer que não queria mais ficar comigo, sem maiores explicações.
-Mas existe uma explicação
-Ah é? E qual seria?
-Eu fiquei com outra pessoa
Eu senti como se alguém tivesse me dado um soco no estômago.
-O que?
-Quando estávamos separados, eu fiquei com outra pessoa
-Como assim ficou? - eu tinha noção que minha voz estava levemente estridente – do que esta falando? Você... você... Oh Deus
De repente a realidade começou a adentrar em minha mente. E era horrível.
Era pior do que eu imaginava. Afinal, havia mesmo algo pior do que o fora em Los Angeles. Havia o motivo.
Eu respirei fundo várias vezes, tentando manter a calma. Porque ainda havia a pergunta crucial
-Rob, com quem você ficou?
-Camilla
Eu fechei os olhos. Era como estar dentro de um pesadelo bem real e não conseguir acordar
Rob, o meu Rob. Com outra. Com a Camilla.
Aquela que ele dizia que era apenas sua amiga
Eu abri os olhos e o fitei. Queria gritar. Queria agredi-lo.
Queria que as imagens formadas em minha mente, dele com outra, desaparecerem.
Mas tudo o que eu sentia era um imenso vazio. Eu estava além da dor.
Estava aniquilada.
-E posso saber como isto aconteceu? - indaguei friamente
Eu era uma total masoquista, mas precisava saber.
-Nos estávamos bêbados... foi... algo impensado. Apenas, uma hora estávamos conversando e bebendo e então eu estava acordando com ela...
Meu estômago revirou.
-Foi um erro. Algo estúpido.
-Ah sim, eu posso imaginar – falei irônica - você é bem propício a cometer erros deste tipo não é? Ontem a noite comigo não foi assim? E com a Camilla, e até mesmo com a Nikki
-Nikki?
-Eu sei que você transou com a Nikki.
-Você nunca me disse...
-isto não tem a menor importância agora. - cortei.
Não havia mesmo nada mais a ser dito.
De tudo o que já acontecera, aquilo era demais pra mim.
Eu o encarei como se tivesse vendo um estranho.
Ele me fitava com extremo pesar e culpa.
-Kris... - ele deu um passo em minha direção, mas eu dei um passo atrás.
-Não... não. - eu disse num fio de voz
Ele parou passando a mão pelos cabelos, nervosamente.
-Eu só quero que entenda que há mais coisas nisto... se pudesse entender.
Eu fechei os olhos.
Mantenha-se firme. Apenas respire.
-Não há nada mais que precisa se explicar. Não há explicação para isto – eu consegui dizer .
E me surpreendi com a firmeza em minha voz.
Ele se afastou para a janela e por um momento eu o acompanhei com o olhar.
Ele estava de costas pra mim, e eu deixei meu olhar se fixar nele por alguns instantes.
Quis que o tempo voltasse. Que nada do que ele tinha me dito fosse verdade.
Mas era.
Com esforço, eu desviei o olhar e comecei a me vestir. Até o esforço de por as roupas eram demais pra mim. Mas eu precisava sair dali.
Então ele se virou. Quando eu já estava totalmente vestida.
-Não vá.
O nó na minha garganta se intensificou
-Como eu posso ficar depois disto?
-Eu não contei para que me deixasse
-Você sabia que era isto que eu ia fazer.
-Eu sinto muito.
Eu reuni todas as minhas forças para encará-lo
-Eu também.
Eu virei e sai sem olhar para trás.
Eu caminhei até meu quarto e sentei na cama, sem realmente enxergar nada a minha volta
A dor que eu consegui conter no quarto dele ameaçando me sufocar.
A verdade era uma só
Rob tinha me dado o fora. Porque tinha transado com a Camilla.
Talvez até gostasse dela. Eu mordi os lábios para não explodir num choro convulsivo.
Não haveria mais lágrimas. Agora tinha acabado de verdade.
Eu voltei para Los Angeles e pra minha consternação a primeira pessoa que aparece na minha casa é a Nikki
E eu, como boa idiota que sou, desabo em cima dela, chorando tudo que não tinha chorado até aquele momento.
E então eu conto a ela tudo.
Nikki me encara com pesar
-Meus Deus, esta Camilla é uma vaca! Eu sempre desconfiei... Oh, Kris, sinto muito!
-Sou eu que sinto muito – digo fungando – você foi uma boa amiga e eu escondi isto de você, mas... primeiro não queria mesmo que ninguém soubesse, e depois... Você me disse que estava apaixonada por ele.
-Eu sei. Por isto mesmo que não posso culpá-la.
-Eu só... quero esquecer agora – digo enchendo os pulmões de ar e enxugando as lágrimas.
-Você faz bem, o Rob... não fique brava com o que eu vou dizer, mas ele não é pra você. E não pense que estou dizendo isto porque disse um dia estar apaixonada por ele. Isto já passou. Foi uma... paixonite.
-é sério? - pergunto me sentindo aliviada.
-sim é. E se eu esqueci. Você pode esquecer também. Vamos ficar sempre juntas agora. Eu vou te ajudar. - ela me abraça – não esta sozinha
E eu me sinto bem, por ela estar ali comigo. Sendo minha amiga.
Sim, tudo ficaria bem. Um dia talvez.
Os dias passam. E eu me sinto cada vez mais vazia.
O buraco dentro de mim, em vez de diminuir, só faz aumentar e eu me pergunto, quando enfim me livrarei daquele tormento.
Passo os dias com a Nikki e as vezes com o Michael
Sim, ele voltou. Acho que ele sempre voltará pra minha vida.
Não que estejamos namorando ou algo assim
Pra ser sincera, eu me sinto seca por dentro. Eu não sinto mais nada.
Ou eu penso não sentir, por que os dias são fáceis. Mas a noite, eu deito em minha cama e tudo volta como uma intensidade assustadora e eu tenho vontade de morrer.
Pra me distrair, eu pego o próximo livro da saga para ler. Não podia ter sido pior.
Porra, porque ninguém me avisou que New Moon era aquilo?
Eu passei dias trancada em casa. Pior do que estava antes. Inventando desculpas para não ver ninguém.
Até que um dia o telefone toca.
E eu escuto aquela voz.
-Oi Kris
Eu fecho os olhos, meu coração batendo fortemente
O desespero ameaçando romper o frágil controle que eu tinha sobre minhas emoções.
Mas acima da dor, ouvir sua voz, fez com que eu sentisse algo inesperadamente bom: alívio.
-O que você quer? - me escuto dizendo, enquanto aperto o fone com força
-Ouvir sua voz
Eu mordo os lábios, não para não chorar, mas para não rir.
-Oh, Rob, como você é absurdo
E eu escuto sua risada, linda e tão cheia de vida, como só ele sabia ser.
E tenho vontade de vê-lo de novo.
-Esta é minha fala, Kris.
Então eu também ri, e depois ficamos em silêncio.
Minutos, segundo? Horas? Não sei dizer.
Até que o gato pula em cima de mim, e eu volto a realidade.
Respirando fundo, eu decido por um fim àquilo. Antes que estivesse fazendo coisas estúpidas de novo.
-Esta em Londres? - indago
-Não, estou em Los Angeles, mas vou viajar pra Londres pra passar o natal com minha família
-Que bom
-Kris, eu... Queria saber se não podíamos... conversar
-Já estamos conversando
-Eu queria ver você antes de viajar.
-Pra que?
-Dar feliz natal?
-Rob, porque esta me ligando, sinceramente?
-Porque eu sinto sua falta. Porque eu sei que estraguei tudo, mas eu ainda preciso de você.
Meu coração se apertou
Droga! Droga! Droga!
-Rob, quando você vai entender que acabou?
-Quando eu disser pra você tudo o que tenho a dizer. Quando você me escutar. Se depois de conversarmos você ainda quiser me manter fora da sua vida, eu vou entender.
Eu tive vontade de concordar com ele. Uma conversa não tiraria pedaço, tiraria? Além do mais eu queria muito ver ele.
Não. Não. Não
Eu sabia bem onde aquilo terminaria.
-Não, Rob, eu não quero mais.
-Kris, por favor....
-Não, vamos deixar as coisas como estão. Por favor. - implorei. Rezando para que ele concordasse, pois não sabia por quanto tempo eu resistiria.
-Tudo bem, Kris. Eu não vou insistir. Tchau.
-Tchau
-Ah, Kris – ele diz antes que eu consiga desligar
-O que?
-Eu amo você.
E então desliga. Só isto.
Eu desligo o telefone e fico olhando para o aparelho em minhas mãos.
Estão trêmulas. Eu estou tremendo inteira.
Eu abraço o gato e pisco os olhos algumas vezes. Não ia chorar.
Mas eu choro.
Porque eu não queria ouvi-lo dizer que me amava.
Não por que eu achava que ele mentia
Mas porque eu sabia que era verdade. E mesmo assim aquilo não era o suficiente.
E tudo seria mais fácil se fosse diferente.
dezembro de 2008 - natal
Mais uma natal
Eu nunca fora muito fã deste tipo de festa. Nós não eramos católicos.
Como todos em Los Angeles
Então porque diabos tinham que comemorar?
Estava com Michael na escada nos fundos da minha casa fumando.
Mais um hábito nada ortodoxo que tinha adquirido ultimamente.
Depois do inferno que se tornou minha existência.
Não que as coisas não estivessem relativamente calmas no momento.
Eu acreditava mesmo que o pior já tinha passado. Mesmo porque, ir mais fundo no poço era impossível.
Mas eu tinha prometido viver um dia de cada vez. No caminho do esquecimento.
Não era fácil. Como poderia ser fácil? Mas eu acreditava que mais 3 meses, com 2 trabalhos novos no caminho, iriam me fazer bem.
Até março eu estaria inteira de novo.
E desta vez, eu não seria tão idiota.
-Kristen! - ouvi a voz do meu pai me chamando e soltei um palavrão
Michael riu
-O que é? - gritei
-telefone
-diz que eu não estou
-é o seu celular que esta tocando
-joga na parede
-jogue você
-Que saco! - resmunguei levantando e apagando o cigarro
Entrei batendo a porta
-cadê o espirito natalino? - falei irônica, vendo meu pai tentar temperar um peru, enquanto meus irmãos se entretinham em uma espécie de luta livre na sala e minha mãe estava no computador trabalhando
-deixa pra lá
-ele esta tocando há horas - meu pai reclamou
-era só desligar – resmunguei indo em direção ao meu quarto
Deveria ser a Niki. Ela ligara o dia inteiro.
Estava passando o natal com seus pais no sul da califórnia, mas iria vir pra minha casa no dia seguinte.
Seria bom ouvir a voz de uma amiga.
Peguei o telefone e atendi.
Não era a Nikki
Eu definitivamente não estava preparada para ouvir aquela voz de sotaque britânico inconfundível
-Oi Kristen
Porque aquelas coisas aconteciam comigo?
Porque quando eu achava que já estava me curando, algo acontecia pra me jogar de volta ao limbo de novo?
Eu fechei os olhos. Aquela dorzinha interna que me acompanhava há tempos e que eu achava que tinha sumido, voltando a me incomodar
-Kris?
Eu respirei fundo.
-o que você quer? - eu pretendia ser fria.
Mas quem disse que eu consegui?
A minha voz não passava de um sussurro medroso.
-eu queria ouvir sua voz.
Eu fechei os olhos e sentei na cama, para não cair
-Rob... por que faz isto comigo?
-porque eu amo você
-Seria bom se eu ainda acreditasse
-você acredita. Por isto estamos tendo esta conversa.
Eu não falei nada. Porque eu sabia que era verdade.
-Eu queria estar aí com você
-Da ultima vez que esteve aqui você fez promessas que não cumpriu
-mas eu ainda posso cumprir Kristen.
Eu não podia cair naquela conversa
-Rob... eu preciso desligar
-Apenas escute uma coisa antes.
Eu respirei fundo
-fale
-eu tenho um presente pra você
Eu tive que rir
-ele esta aí no seu quarto
-esta brincando?
-Não. Procure em baixo da sua cama. Tchau Kris.
E ele desligou
Eu não ia procurar. Ele devia estra brincando comigo
Mas eu olhei. Entre curiosa e ansiosa
E havia uma caixa ali
Eu a peguei e abri
E aquilo mudou tudo.
Havia um caderno ali dentro. A capa preta de couro me era conhecida.
Eu já tinha visto antes. Na casa de Rob.
Era o caderno de anotação deles. Ainda lembro de ter rido e dito que era muito gay ele escrever um diário.
Ele apenas dera de ombros e dissera que não tinha nada de importante lá.
Mas não deixou eu ler quando pedi
E eu esqueci. Até agora.
Eu sentei no chão e abri com minhas mãos trêmulas.
Dezembro de 2007
"... Eu voei de Londres a Los Angeles tão rápido quanto um vôo comercial cheio de escalas permitiu."
continua...
5 comentários:
faz mais
ta um espectaculo!
quando tem na perspectiva do rob? eu quero por favor
parabens.
Amanhã coloco o Link!
vai ter mais? espero que agora tenha a perpectiva rob. pelo amor de DEUS + adorei tudo.
ja estou viciada. não posso ficar um dia sem seus capitulos.
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Assim que o ler, publicarei e o responderei.
Volte para saber a resposta.
•.¸¸.•´¯`•.¸¸.¤ Beijos •.¸¸.•´¯`•.¸¸.¤